sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Dia da Independência do Brasil foi tema de Palestra em Rotary

Professor Carlos Rafael Dias
O Professor e Historiador Carlos Rafael Dias proferiu uma magnifica aula em plenária do Rotary Club de Crato, sobre a Independência do Brasil, ao final o Rotary outorgou o Certificado de Honra ao Mérito ao Historiador e Palestrante. Carlos Rafael Dias, nasceu em Crato, Ceará, no ano 1966, é professor do Curso de História da Universidade Regional do Cariri - URCA. Graduado e Licenciado em História pela URCA, com especialização em História do Brasil pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, mestrado em História Cultural pela Universidade Federal de Campina Grande, e atualmente cursa doutorado pelo programa de pós-graduação da Universidade Federal Fluminense. Foi membro do Rotary Clube de 2001 a 2012, foi presidente do clube no período 2006-2007. Atualmente afastado do clube para concluir seu doutorado.
Na mesma plenária o Rotariano Audir de Araújo Paiva pronunciou importante informação rotária sob o tema Instrução e Informação Rotária.

Texto com integra  do tema da palestra sobre a Independência do Brasil.

"A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

Comemorações históricas são momentos privilegiados para retomar discussões que o tempo acabou deixando cair no esquecimento e também lançar novas questões sobre a história do nosso país[1]

Devemos pensar a Independência enquanto processo que teve início antes do marco do Dia 7 d Setembro de 1822, o famoso “Grito do Ipiranga” e que ainda não se completou.

         Neste sentido, de grande importância é considerarmos os chamados antecedentes históricos do ato protagonizado por D. Pedro, notadamente as revoluções coloniais contra a dominação portuguesa, a exemplo da inconfidência Mineira (1789), a Conjuração Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana (1817).

No plano externo, deve-se destacar o movimento Iluminista francês e um dos seus principais corolários, a expansão da Revolução Francesa, que resultou, com as guerras napoleônicas, na transferência da Corte Portuguesa e sua permanência no Brasil por treze anos (1808-1821).

No Brasil, a ação de D. João, príncipe regente e depois rei de Portugal, teve influência crucial na Independência. Das medidas joaninas, merecem destaque a abertura dos portos às nações “amigas” (1808) e a elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarves (1815). Essas medidas desagradaram os portugueses e contribuíram na motivação para a eclosão da Revolução do Porto, acontecimento que acabou dando início a Independência.

Não obstante, longa permanência da Corte no Brasil agravou a crise econômica portuguesa e acabou por facilitar o caminho da independência do Brasil.

Ciente de que esse caminho era inevitável, D. João VI, ao retornar a Portugal, instado que foi pela junta governativa instalada pelos revolucionários portugueses, pediu ao filho Pedro de Alcântara, que ficou no comando do Governo Geral do Brasil: “Pedro, se o Brasil vier a se separar de Portugal, põe a coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro lance mão dela".

A luta pela independência não se de forma consensual entre os seus partidários. Duas correntes se opuseram neste objetivo. De um lado, aqueles que queriam a ruptura com Portugal e a implantação de uma República. De outro, os que queriam romper com a metrópole, mas com a permanência do regime monárquico, tendo D. Pedro como imperador. Essa foi uma solução conservadora e conciliadora com os interesses da família real portuguesa. Os Braganças continuariam governando Portugal e Brasil.

A corrente conservadora era integrada pela elite brasileira e com segmentos portugueses aqui radicados: grandes proprietários de terra, comerciantes, mineradores e altos funcionários do Estado e da Igreja, que desejavam, e conseguiram, realizar a independência sem alteração de ordem econômica e social (latifúndio, escravidão e estado centralizado).

A CONJUNTURA DA INDEPENDÊNCIA

Nas vésperas do “Grito do Ipiranga”, cresceram sobremodo as desavenças entre D. Pedro (príncipe regente) e as Cortes Portuguesas. As Cortes procuravam minar o poder de D. Pedro aprovando na Assembleia Constituinte portuguesa Medidas contrárias ao Brasil, a exemplo de restrição da autonomia administrativa e de liberdade de comércio, e restabelecimento de monopólios e privilégios portugueses, além de extinção do governo geral do Brasil e ordem para o imediato regresso de D. Pedro

         Em reação a essas medidas, D. Pedro protagoniza, de janeiro a agosto de 1822, uma série de atos, tais como:

- Declaração de que permaneceria no Brasil;

- Decreto instituindo que a validade de qualquer lei portuguesa dependeria de sua aprovação;

- Convocação da Assembleia Constituinte;

- Publicação de dois manifestos reafirmando a necessidade de independência;

- Entrada para a maçonaria quando, em seu juramento, ratifica a determinação de romper com Portugal;

- Declaração de que as tropas portuguesas no Brasil são inimigas

Por fim, quando visitava a província de São Paulo, em setembro de 1922, Dom Pedro recebe a comunicação com o ultimato dado por Portugal para o seu imediato regresso, sob pena do Brasil ser invadido por tropas portuguesas. Nestas circunstâncias, sem outra alternativa, D. Pedro profere o famoso grito às margens do riacho Ipiranga. Esta cena seria imortalizada, com traços de exagerada ufania, no quadro do pintor paraibano Pedro Américo, 65 anos depois.

No entanto, ao contrário do que a história oficial tentou afirmar, o grito não foi suficiente para convencer Portugal para a aceitação da nossa emancipação política. Foi preciso encetar diversas lutas para a consolidação da independência nacional, visto que algumas províncias não aderiram ao movimento libertador, a exemplo da Bahia, Piauí, Maranhão e Pará".


[1] Alcântara, Lúcio. Apresentação. In: Sociedade e História do Brasil, v. 1, Instituto Teotônio Vilela. São Paulo.


Professor Carlos Rafael Dias
Os rotarianos Mairton e Carol entregam o Certificado de Honra ao Mérito ao Professor Carlos Rafael Dias.

Professor Carlos Rafael Dias

Rotariano Audir de Araújo Paiva

Um comentário:

  1. Reiterando o que disse na última quinta-feira, dia 8, quando ocupei a ordem do dia da plenária ordinária deste egrégio clube, foi uma enorme alegria poder ter voltado ao Rotary Club do Crato e rever companheiros queridos, rememorando um pouco a minha salutar passagem por esta casa, entre os anos de 2001 e 2012. O RCC, instituição quase centenária, já inscreveu definitivamente a sua marca na trajetória regional com serviços prestados à comunidade e com participação direta nos momentos cruciais e cruciantes de nossa história. Obrigado a todos os companheiros rotarianos pela afetuosa acolhida.

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