Por Dr. Aglézio de Brito
O Prefeito de uma cidade é como um filho gerado
pelo consenso popular no ventre de uma comunidade. Ali ele gesta, nasce, cresce
e se desenvolve, vivenciando os sofrimentos, as necessidades e as aspirações da
sua “mãe-comunidade”. A relação de um Prefeito para com sua cidade é semelhante
à de um filho para com a mãe. Se a mãe sofre, ele sofre com ela. Se a mãe está
feliz ele, também, está feliz.
O filho sempre deseja o melhor para a
sua mãe, porque existe nele a imanência do afeto filial desinteressado. Por
isso penso que o Prefeito de uma cidade deve ser filho desta cidade, ter
nascido nela, ser produto da comunidade citadina, correndo nas suas veias o
sangue da sua história. Caso contrário, por mais que o Prefeito se encourace
com o disfarce da demagogia, pregando o amor pela cidade, ele, naturalmente,
carrega consigo o vírus do egoísmo e da insensibilidade administrativa no que
se refere ao bem-estar da comunidade da qual ele não é filho.
Se a “mãe- comunidade” sofre no corpo
as dores das chagas dos esgotos a céu aberto, ele pode até se condoer, mas não
sofre com ela essas dores, porque não é seu filho.
Se a “mãe-comunidade” contorce-se nos
guetos da exclusão social, amargando os traumas, as angústias e as humilhações
próprias de condições sub-humanas, o Prefeito, nascido em outras terras, pode
até se esforçar para resolver semelhantes problemas, mas, certamente, não
sofrerá com esse estado social degradante da “mãe-comunidade” e não terá a
mesma energia, a mesma abnegação para lutar contra esses males, porque não é o
filho dessa comunidade.
É uma questão antropológica, própria
do ser humano.