sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Contrabando de Fósseis do Cariri foi tema de Palestra em Plenária do Rotary

Foto: Reprodução

Professor Álamo Feitosa Saraiva
O Professor Álamo Feitosa Saraiva (foto), proferiu brilhante palestra em plenária do Rotary Club de Crato, realizada ontem dia 12 de fevereiro de 2015, onde com domínio do tema discorreu sobre o “Contrabando de Fósseis do Cariri”.  Ao final o palestrante, foi aplaudido e recebeu o certificado de Honra ao Mérito, outorgado pelo clube, o qual foi entregue pelos rotarianos Thiago Esmeraldo e Mairton Neves, este último, atual vice-presidente do clube, presidiu a plenária por motivo da ausência do presidente Marcus Parente que se encontra em viagem. 

Fósseis apreendidos em São Paulo deverão retornar ao Cariri. O pedido de repatriamento foi feito por meio do Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri (Urca). O pedido foi encaminhado pela delegacia da Polícia Federal de Juazeiro do Norte, para a mesma instituição, com sede em São Paulo. Os fósseis foram levados de Nova Olinda e do Crato, para serem repassadas a traficantes, no interior de São Paulo e Minas Gerais. A suspeita é de tráfico internacional, para museus dos Estados Unidos, Alemanha e até da China, onde já há grande presença de peças da região.

Essa não é a primeira vez que acontece o pedido de repatriação de material fóssil apreendido, fruto de contrabando na região. Há cerca de quatro anos, foram devolvidas para compor acervo na região, pedras de peixe encontradas pela Polícia Federal. Os itens são encaminhados para o Museu de Paleontologia, em Santana do Cariri, espaço de salvaguarda. São mais de nove mil peças no local. O tráfico na região é preocupante, segundo pesquisadores, no que pese a grande quantidade de fósseis importantes, do ponto de vista das pesquisas na região. Exemplo disso é o estudo da paleobotânica, com material que pode explicar a origem de plantas, como as samambaias.

Foto: Reproduão
O professor Álamo Feitosa, da Urca, destaca a mudança de perfil das pessoas que traficavam os fósseis, na década de 60. Eram os chamados ´peixeiros´, que buscavam na comercialização desse material, para sobreviver às dificuldades causadas pela seca. Vários depoimentos sobre o assunto hoje estão contidos no documentário idealizado pelo professor, titulado ´Formação Romualdo - Um Milagre Paleontológico.

Segundo ele, a estiagem acabava obrigando o peixeiro, escavador de fósseis, a fazer isso por sobrevivência e até também por ignorância, e não tinha nenhuma perspectiva de vida. Ele destaca o aspecto educacional, pela própria universidade, museu, e o Geopark Araripe, que tem desempenhado um papel de conscientização, como meio de minimizar essa situação. Mas destaca que há uma intenção de se levar da região peças de qualidade.

 "São pessoas que entendem da área e são quadrilhas especializadas, diretamente ligadas ao tráfico de fósseis", afirma. Antes eram apenas peixes, que não tinham tanto valor científico. Segundo o pesquisador, hoje são levados holótipos da região, peças para descrição de novas espécies e que tornam um museu importante. No museu de Santana do Cariri, por exemplo, são 16 peças do gênero. Pesquisadores da Urca saem para realizar pesquisas com holótipos em museus de outras partes do mundo, como nos Estados Unidos.

A serra do Mãozinha, entre Abaiara e Missão Velha, com difíceis condições de acesso, tanto para os pesquisadores como para a própria polícia e a fiscalização, é uma das áreas de onde pode estar saindo peças de grande representatividade científica. Outro local é a parte Oeste da Bacia Sedimentar do Araripe, na área entre o Pernambuco e o Piauí. São fósseis da formação Crato, Ipubi e Romualdo. "Nesses locais, é praticamente impossível a fiscalização. Tem veredas e caminhos que só quem conhece bem circula por essas as áreas", diz ele. O professor destaca a importância dos fósseis da Bacia do Araripe, com relevâncias para origem das samambaias atuais; plantas com sementes das mais antigas, tipo sâmara, além de um grupo de plantas que vai ajudar a entender os graus de parentesco entre plantas da família araucariáceae, a exemplo dos pinheiros, além de mamíferos fósseis, especialmente da formação Crato, o que deve dar respostas quanto à variação das espécies.


Fonte: GeoPark Araripe  geoparkararipe.org.br
Diário do Nordeste
http://www.c1cariri.com/2014/01/fosseis-apreendidos-em-sao-paulo-devem.html#sthash.2ezSa7tK.dpuf

Flashes fotos enviada a redação pelos rotarianos Thiago Aragão Esmeraldo e Zilnelle Barreto.