Relembro com saudade do companheiro Jósio de Alencar Araripe, um grande amigo, que a vontade maior, que vence a todos nós, roubou do nosso convívio.
O companheiro Jósio era um forte crítico das idéias desprovidas de inteligência e, principalmente do regime político que vigorou em nosso país por longos vinte e um anos.
Quando ainda nos reuníamos no Crato Tênis Clube, a notícia que mais teve repercussão no noticiário da época foi a declaração de Nelson Chaves, um conhecido nutricionista pernambucano, que receitava uma dieta de ratos para acabar com a fome do nordestino.
Na plenária da semana em que essa notícia era o prato do dia, Jósio se inscreveu no “Período de Comunicações” para comentar a infeliz declaração do cientista pernambucano, que era ligado a uma agência governamental de combate à fome. Iniciou sua fala comentando que a Checoslováquia tinha muitas represas próprias para criação de peixes. Era uma excelente maneira de matar a fome do povo daquele país. Que o nordeste precisa de açudes e o Ceará com os açudes do Orós e do Castanhão, naquela época, ainda um projeto distante, poderia se transformar num grande criatório de peixes. E assim o companheiro Jósio encerrou sua comunicação: “O nosso sertanejo não tem o hábito de comer peixe. Mas seria muito mais fácil habituá-lo a comer peixes do que ratos. Mas como esse governo tem muita propaganda, pode ser que investindo em uma maciça campanha publicitária, convença nosso povo a comer ratos. Agora, difícil mesmo vai ser pegar o rato...”
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
Por Carlos Eduardo Esmeraldo