sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Concílio Vaticano II - 50 anos

Por Audir de Araújo Paiva
A plenária do Rotary Club de Crato, realizada ontem, dia 18 de outubro, teve em sua ordem do dia a palestra do rotariano e Diácono da Diocese de Crato, José Oliveira Cavalcante (Cory) foto. Sob o tema o ano da fé e o cinquentenário do Concílio Vaticano II.

As comemorações pelos 50 anos do Concílio Vaticano II foram abertas no dia 22 de abril, na Assembleia Geral da CNBB, em missa presidida pelo arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, que é presidente da comissão criada pela CNBB para preparar a celebração no Brasil. A Eucaristia também marcou a conclusão do retiro feito pelos bispos, com a pregação do bispo emérito de Mogi das Cruzes (SP) Dom Paulo Mascarenhas Roxo, com o tema “A Palavra de Deus na vida do bispo”.

Com a presença de um grande número de rotarianos, suas famílias e convidados. O palestrante com o domínio do tema prendeu a atenção dos que estavam presentes e discorreu sobre o ano da fé e o cinquentenário do Concílio Vaticano II. Abaixo um resumo do tema da palestra proferida pelo rotariano e Diácono Cory.

Ao longo dos dois mil anos de história da Igreja, ocorreram 21 concílios. Ao contrário do que aconteceu com o mais recentes deles, o Concílio Vaticano II, que priorizou a relação da Igreja com o mundo. As outras assembleias dedicaram-se a estabelecer dogmas e defender-se de pensamentos contrários aos seus.

Concílio de Nicéia I, no ano 325 - realizado papado de São Silvestre I (314-335), estabeleceu um dogma de fé mais decisivos do cristianismo, o de que Jesus é Deus, e não criatura de Deus.

Concílio de Éfeso No ano 431 - comandado pelo papa São Celestino I (422-432), definiu o dogma de que Maria é a verdadeira Mãe de Deus – e não apenas de Jesus Cristo.

Concílio de Trento – no ano 1545-1563, iniciado pelo papa Paulo III e encerrado por Pio IV (1559-1565), o evento se configurou como uma reação da Igreja ao avanço do protestantismo, movimento cristão liderado pelo teólogo alemão Martinho Lutero, cujo estopim foi a critica à falta de ética e moral eclesial. O Concílio iniciou o movimento da Contrarreforma, reafirmando a importância dos sacramentos, da missa e do celibato.

Concílio Vaticano II – No dia 11 de outubro do ano 1962, convocado pelo Papa João XXII, local o próprio Vaticano, país sede da Igreja Católica, teve início o mais impactante acontecimento na história da Igreja Católica desde os primórdios da Idade Moderna. A conferencia terminou em 8 de dezembro do ano 1965, já sob o papado de Paulo VI (l963-1978). Com a participação de 2540 bispos de 86 países. A assembleia obteve aprovação de 95% dos votos.

Da pauta das discussões constavam temas como os rituais da missa, os deveres de cada padre, a liberdade religiosa e a relação da Igreja com os fiéis e os costumes da época. Os bispos aprovaram dezesseis documentos relacionados aos mais diversos aspectos da Igreja. A assembleia terminou com uma missa e um discurso, em que o pontífice usou mais de uma vez um termo até então raramente empregado nas falas papais: aggiornamento. A palavra, que, em italiano, significa atualização, ou ainda em outras palavras do papa “varrer a poeira do Trono de Pedro” definiu a linha seguida pelo Concílio Vaticano II.

A partir daquele momento, os bispos tinham pela frente a tarefa de discutir o rumo da Igreja para as próximas décadas. "O Concílio tocou em temas delicados, que mudaram a compreensão da Igreja sobre sua presença no mundo moderno. Foram repensadas, por exemplo, as relações com as outras igrejas cristãs, o judaísmo e crenças não-cristãs".

Muitas novidades apareceram nas questões teológicas e na hierarquia da Igreja. O papa, por exemplo, aceitou dividir parte de seu poder com outros cardeais. E as missas passaram a ser rezadas na língua de cada país - antes eram celebradas sempre em latim e o celebrante de frente para o altar e com as costas para os fiéis.

Na questão dos costumes, porém, o encontro foi pouco liberal. A Igreja continuou condenando o sexo antes do casamento e defendendo o celibato (proibição de padres se casar) para os padres. No quadro abaixo, você confere o que mudou - e o que ficou na mesma - depois dessa reforma na Igreja Católica.
O que Mudou
Assunto – Missa
Antes do Concílio - Rezada em latim, com o padre voltado para o altar, de costas para os fiéis. Apenas membros do clero comandavam a celebração.
Depois do Concílio - Rezada no idioma de cada país, com o padre de frente para o público. Mulheres e homens leigos (que não são do clero) podem ajudar na celebração.

Assunto - Sexo
Antes do Concílio - Doutrina rígida, contrária ao sexo antes do casamento e ao aborto, mesmo em caso de estupro.
Depois do Concílio - Manteve a mesma posição.

Assunto - Relacionamento com outras Religiões
Antes do Concílio - Desconfiança em relação aos ensinamentos de religiões não-cristãs (islamismo, judaísmo, etc.).
Depois do Concílio - Aceita a ideia de que, por meio de outras religiões, também é possível conhecer Deus e a salvação.

Assunto - Culto aos Santos
Antes do Concílio - Proliferação de "santos" criados pela crença popular e não canonizados pela Igreja.
Depois do Concílio - "Santos" não-canonizados são abolidos. Cristo volta a ser o centro das atenções na missa.

Assunto - Comportamento do Sacerdote
Antes do Concílio - Uso obrigatório da batina e de outros símbolos da Igreja. Casamento e relações sexuais são proibidos.

Depois do Concílio - Cai o uso obrigatório da batina: agora, os padres podem usar trajes sociais, o proposito é fazer com que o padre se assemelhe ao fiel. Mas a medida abriu espaço para o exagero. Atualmente, há padres que usam roupas de grife, ansiosos por visibilidade nos meios de comunicação.  Porém, o Concílio manteve a proibição ao casamento e ao sexo.

Assunto - Questões Políticas
Antes do Concílio - Condenação do capitalismo e esforço para evitar a "contaminação" do catolicismo por ideias comunistas.

Depois do Concílio - Continua a condenação ao capitalismo e ao comunismo, mas aumenta um pouco a liberdade dos teólogos para interpretar a Bíblia. A partir do ano 1970, ganhou força a Teoria da Libertação, que tentou enxertar o marxismo em ensinamentos cristão, sob o falso argumento da opção pelos pobres, o que foi rechaçado pelos papas João Paulo II e Bento XVI.
A centralização nos pontificados de João Paulo II e Bento VI não impediu a evasão de fiéis. Segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), na última década mostra que 64,6% dos brasileiros são católicos. Mas nos anos 2000 eram 73%. Há cinquenta anos, 92%. Alguns apontam como solução a criação de um novo concílio pra rediscutir os limites da aproximação da Igreja com os fiéis. Outros querem a verdadeira implantação das propostas do Concílio Vaticano II. 
Na ocasião o Diácono Cory  distribuiu aos presente um fôlder da CNBB. O qual a seguir transcrevemos:


50 anos do Concílio Vaticano II


O Concílio Ecumênico Vaticano II, celebrado na Basílica de São Pedro, no Vaticano, de 11 de outubro de 1962 a 8 de dezembro de 1965, em quatro Sessões, é o 21º Concílio Ecumênico da Igreja Católica.

Um Concílio é a assembleia solene dos Bispos católicos apostólicos romanos do mundo inteiro, convocada pelo Papa, para tratar de assuntos referentes à fé, à moral e a questões gerais da vida eclesial. Um Concílio é, pois, um acontecimento eclesial da mais alta importância e significado.

Os Bispos formam, com o Papa, o Colégio dos Bispos, que prolonga na história o Colégio Apostólico, formado pelos 12 apóstolos, presididos por São Pedro. Assim, o Colégio dos Bispos, presidido pelo Papa, exerce sua autoridade sobre toda a Igreja.

O modelo e a inspiração fundamental dos Concílios é a reunião dos Apóstolos em Jerusalém, cujo relato se encontra nos Atos dos Apóstolos. A decisão a respeito das normas válidas para os cristãos convertidos do paganismo, é assim apresentada: “decidimos, o Espírito Santo e nós...” (At 15,28). O Concílio é um ato da Igreja, através do qual o Espírito Santo se manifesta; e os ensinamentos do Concílio.

Propostas para as Comemorações dos cinquenta anos do Concílio Ecumênico Vaticano II

O Grupo de Trabalho para as Comemorações do cinquentenário do Concílio Vaticano II, constituído pela Presidência da CNBB, tem a missão de motivar para as comemorações, propor atividades, colaborar na divulgação das ações e organizar eventos especiais.

Sempre com a finalidade de colaborar para que as orientações e decisões do Concílio continuem.
Sugestões, propostas e divulgação de atividades referentes a esta temática podem ser encaminhadas para a secretaria do Grupo de Trabalho: doutrinadafe@cnbb.org.br.

1 -  A decisão do Beato João XXIII
João XXIII foi eleito papa no dia 28 de outubro de 1958. Três meses depois, no dia 25 de janeiro de 1959, surpreendeu o mundo com o anúncio, aos Cardeais reunidos na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, de sua intenção de celebrar um Concílio Ecumênico, “um Sínodo da Igreja de Roma”.

2 -  A preparação
No dia 5 de junho foram criadas 10 Comissões Preparatórias: teológica, para os bispos e o governo das dioceses, para a disciplina do clero, para os sacramentos, para a liturgia, para os seminários, para os religiosos, para as Igrejas Orientais, para os missionários, para o apostolado dos leigos. No memso dia, foram constituídos dois Secretariados: “para os meios de divulgação do pensamento” (imprensa, rádio, televisão e cinema) e “para a unidade dos cristãos”. E foi criada uma Comissão Central para coordenar os trabalhos.
No Natal de 1961, o Concílio foi oficialmente convocado por meio da Bula Pontifícia Humanae Salutis; a data de seu início foi marcada para o dia 11 de setembro de 1962.

3 -  Os trabalhos do Concílio
Os trabalhos do Concílio desenvolveram- se em 4 sessões, ao longo de 4 anos. Na cerimônia de abertura participaram 2540 Padres Conciliares -  assim eram chamados os Bispos participantes do Concílio. O discurso do Papa João XXIII, naquela ocasião, intitulado Gaudet Mater Ecclesia, foi o ponto culminante da primeira sessão, permanecendo como referência até o final dos trabalhos conciliares.

3.1 -  Primeira Sessão: 11 de outubro a 08 de dezembro de 1962
Foram eleitas as Comissões de Trabalho e discutidos os diversos esquemas propostos; nenhum deles foi aprovado. O único documento dessa Sessão é uma Mensagem do Concílio à Igreja. No dia 03 de junho de 1963, durante o intervalo entre a primeira e a segunda Sessão, faleceu o Papa João XXIII; no dia 21 de junho, Paulo VI foi eleito papa.

3.2 -  Segunda Sessão: 29 de setembro a 04 de dezembro de 1963
Foram aprovadas, nesse período, a Constituição Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia (04/12/1963), e o Decreto Inter Mirifica,  sobre os Meios de Comunicação Social (4/12/1963). No final dessa Sessão, os Bispos do Brasil enviaram uma “Saudação aos fiéis e concidadãos brasileiros”.

3.3 -  Terceira Sessão: 14 de setembro a 21 de novembro de 1964
Nessa Sessão foram aprovados: a Constituição Dogmática Lumen Gentium, sobre a Igreja (16/11/1964); os Decretos Unitatis Redintegratio, sobre o Ecumenismo (21/11/1964), e Orientalium Ecclesiarum, sobre as Igrejas Orientais (21/11/1964). Os Bispos do Brasil enviaram novamente uma “Mensagem sobre o Concílio”.

3.4 -  Quarta Sessão: 14 de setembro a 08 de dezembro de 1965
Nessa Sessão, foram aprovadas: a Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a Palavra de Deus (18/11/1965), e a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, sobre a Igreja no Mundo Contemporâneo (7/12/1965). Aporvaram-se os Decretos: Ad Gentes, sobre a atividade missionária da Igreja (7/12/1965);  Presbyterorum Ordinis, sobre a vida e o ministério dos Presbíteros (7/12/1965);

Apostolicam Actuositatem, sobre o apostolado dos leigos (18/11/1965); Optatam Totius, sobre a formação sacerdotal (28/10/1965); Perfectae Caritatis, sobre a renovação da vida religiosa (28/10/1965); Christus Dominus, sobre o ofício pastoral dos bispos (28/10/1965). Foram também aprovadas as Declarações: Gravissimum Educationis, sobre a educação católica (28/10/1965); Nostra Aetate, sobre as religiões não- cristãs (28/10/1965); Dignitatis Humanae, sobre a liberdade religiosa (7/12/1965).

Os Bispos do Brasil escreveram a “Mensagem do Episcopado Brasileiro no Encerramento do Concílio Ecumênico Vaticano II” Fiéis às vossas inspirações e fortalecidos por vossos sete dons, perseveremos na busca da unidade entre todos os discípulos de Cristo. Vossa graça fecunde nosso anúncio e testemunho missionário e manifeste ao mundo a verdade do Evangelho. No espírito de diálogo e serviço, que de vós procede, saibamos promover a justiça, o amor e a paz entre todos.
Guiados por vossa luz, caminhemos confiantes para o reino da vida sem fim, e contemplemos a vós, unido ao Filho e ao Pai. Amém.

PARA AS COMEMORAÇÕES DO CINQUENTENÁRIO DO CONCÍLIO VATICANO II
Os quatro anos de comemoração dos cinquenta anos do Concílio Ecumênico Vaticano II é ocasião propícia para promover iniciativas em vista de renovado conhecimento e apreço, e para perceber, hoje, “o que o Espírito diz às Igrejas” (cf. Ap 2,7). Assim:
• Situar as comemorações no contexto atual, a fim de discernir o que o Concílio significa hoje para a Igreja.

• Agradecer a Deus pelo Concílio; fazer uma revisão da vida eclesial, à luz das grandes intuições e diretrizes dos documentos do Concílio, para dar impulso à nova evangelização.

• Voltar às grandes motivações presentes nos documentos preparatórios, escritos pelo Beato João XXIII, e àquelas  presentes nos discursos conciliares de Paulo VI,  durante o desenvolvimento do Concílio.

• Conhecer e acolher melhor a eclesiologia do Vaticano II em vista da renovação da Igreja, de seu revigoramento missionário, da comunhão eclesial, do impulso ecumênico e do diálogo com o mundo atual.

• Retomar os textos do Concílio, com uma hermenêutica adequada, para interpretar, à luz de suas inspirações, as questões novas, surgidas depois dele.

• Avaliar a recepção do Concílio nas Assembleias do Sínodo dos Bispos, no Código de Direito Canônico, no Catecismo da Igreja Católica e nas Conferências Gerais do Episcopado da América Latina e do Caribe; mas também na vida eclesial, em geral, e na ação pastoral das Igrejas Particulares.

• Tratar os temas relativos aos 50 anos do Concílio nos programas e projetos pastorais já existentes, como: campanhas, meses, semanas e dias temáticos.

• Harmonizar essas iniciativas com: as propostas do Ano da Fé, a Jornada Mundial da Juventude e as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, aproveitando, especialmente, eventos já previstos, enfocando-os a partir da perspectiva do Concílio Vaticano II.

ORAÇÃO PELAS COMEMORAÇÕES DOS 50 ANOS DO CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II
Divino Espírito Criador, que encheis de vida a face da terra e conduzis a Igreja, vós inspirastes a realização do Concílio Vaticano II. No cinquentenário desse grande dom feito à vossa Igreja, concedei a nós o mesmo ardor e entusiasmo, que inspirou a realização do Concílio. Renovai-nos na fé! Alimentados pela Palavra de Deus e fortalecidos pela celebração dos
Santos Mistérios, vivamos em profunda comunhão eclesial e caminhemos na alegria e na esperança.

Atenção:
Em breve, no site da CNBB, haverá uma seção dedicada às comemorações do cinquentenário do Concílio Vaticano II, que disponibilizará materiais para o conhecimento mais detalhado do Concílio e de seus documentos.
www.cnbb.org.br 
      

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