Das pessoas que entram para o Rotary, infelizmente algumas se desligam antes mesmo de conhecer os propósitos da organização. Outras entram por razões erradas e também se desligam. Destas pode-se dizer que é muito bom que saiam – na verdade nunca deveriam ter entrado.
Entretanto, a maioria permanece longo tempo ou até a vida toda na organização. Isso ocorre porque essas pessoas identificam no Rotary, às vezes inconscientemente, muitos valores que lhes são caros e que praticam na sua vida particular e profissional.
Quais são esses valores?
Quando começou seu planejamento estratégico, há alguns anos, o Rotary International fez uma pesquisa com rotarianos de todo o mundo e, entre outras abordagens, procurou identificar esses valores. Hoje, eles são parte integrante do Plano Estratégico do Rotary International, assim como devem ser de qualquer clube rotário.
A ordem em que serão citados é meramente didática, não havendo qualquer hierarquia de importância entre eles.
Liderança
O Rotary é definido como uma rede global de voluntários, integrada por líderes profissionais, empresariais e comunitários.
Os estudos sobre o tema nos apontam diversos estilos de liderança, como por exemplo: participativo, situacional, transformacional, transacional etc. Talvez a liderança que melhor se adapte à nossa organização seja a liderança servidora, aquela em que o líder serve ao invés de ser servido.
O importante é ter a consciência que a liderança é um fator fundamental para se tornar verdadeiramente um rotariano. O presidente 1975-76 do Rotary International, o brasileiro Ernesto Imbassahy de Mello, já dizia que “não são as instituições que fazem o valor dos homens, e sim os homens é que fazem o valor das instituições”.
A liderança de rotarianos é que tornou possível programas como o Polio Plus. Foi a liderança de Tom Henderson, do Rotary Club de Helston-Lizard, da Inglaterra, que possibilitou a criação do Shelterbox, hoje um projeto global que conta com o apoio de mais de 5.000 clubes rotários.
É através da liderança dos rotarianos que o Rotary executa seus reconhecidos programas e projetos no mundo todo.
Companheirismo
O companheirismo no Rotary é valorizado como elemento capaz de proporcionar a oportunidade de servir.
A palavra companheirismo deriva da expressão latina cum panis, que significa aquele com quem se divide o pão. No nosso caso, o pão a ser dividido é o Ideal de Servir.
Muitas vezes o companheirismo é confundido com a amizade. Mas há uma profunda diferença, já que a amizade cria laços afetivos, enquanto o companheirismo cria laços de compromissos com uma causa.
Portanto, embora a amizade seja a decorrência natural e altamente louvável da convivência dos rotarianos, o companheirismo é que faz a nossa organização ser tão pujante. A amizade pode se esgotar apenas na convivência social, ao passo que o companheirismo é a liga que nos une para a prestação dos serviços humanitários.
Integridade
Uma das poucas condições para se associar a um Rotary Club é possuir caráter ilibado e boa reputação comercial, profissional e/ou comunitária.
O dicionário define integridade como a qualidade de uma pessoa íntegra, honesta, incorruptível, cujos atos e atitudes são irrepreensíveis.
Integridade tem a ver com inteireza, ou seja, não é possível ser meio honesto, meio ético, meio respeitador. Não é integro, por exemplo, aquele que bajula os poderosos e maltrata os humildes e subalternos.
O terceiro item do objetivo do Rotary diz que os rotarianos devem promover e apoiar a melhoria da comunidade pela conduta exemplar na vida pública e privada.
Isso significa que devemos ser fiéis a altos padrões de ética em todos os aspectos de nossas vidas privada e profissional, bem como justos e respeitosos em nossos relacionamentos.
A ética é um dos assuntos mais estudados na filosofia, mas não é preciso ler compêndios para saber agir eticamente. Basta seguir um preceito simples: não fazer aos outros aquilo que não gostaríamos que fizessem conosco.
Embora não seja um código de ética, a Prova Quádrupla é um importante balizador de nossas ações, a ser utilizado sempre que tivermos dúvida se estamos agindo corretamente.
Diversidade
A diversidade está na gênese do Rotary, pois a associação foi fundada com um representante de cada profissão. Se não fosse essa sábia providência, talvez o Rotary tivesse se tornado mais uma associação profissional, e não uma entidade de prestação de serviços.
Se o Rotary fosse formado apenas por advogados – a profissão do seu fundador, Paul Harris –, provavelmente nas suas reuniões só se trataria de assuntos relacionados ao direito. A consequência natural do convívio de pessoas de bem, que não tinham uma unicidade profissional, levou-os a perceber que seria egoísmo prenderem-se apenas ao companheirismo e ao relacionamento de negócios. Assim, em 1906, um ano depois de fundado, o Rotary incorporou aos seus objetivos a prestação de serviços à comunidade.
Com o seu crescimento acelerado, a organização foi assumindo totalmente a diversidade de raças e credos, presente no mundo todo. A lamentar apenas a tardia mudança dos estatutos para a aceitação das mulheres no Rotary, pois a participação delas trouxe imenso ganho para a entidade.
A diferença faz a diferença: este é legado da diversidade no Rotary.
Serviços humanitários
Dos cinco valores, este é o único que não estava presente na fundação do Rotary, tendo sido incorporado em 1906, como já explicado acima. Mas, atualmente, não se concebe a existência da nossa organização sem a prestação de serviços humanitários. Portanto, além de um valor, os serviços humanitários são a razão de ser do Rotary e isto está consubstanciado no seu objetivo.
O objetivo do Rotary é estimular e fomentar o ideal de servir. O ideal de servir é, portanto, do rotariano, e o papel do Rotary, como organização, é estimular e fomentar este ideal. E isto é feito de diversas formas:
► A criação de clubes, ao juntar diversas pessoas com o mesmo ideal, potencializa a atuação de cada um;
► Um pacote de programas estruturados facilita a escolha da área de atuação do clube e dos companheiros;
► A estrutura da organização assegura farta literatura sobre os programas que escolhermos realizar;
► Provê também treinamentos sistematizados para que os rotarianos possam atuar com mais eficiência.
O Rotary é uma filosofia de vida que se propõe a solucionar o conflito entre o desejo de lucro pessoal e o dever de auxiliar o próximo. O lema principal do Rotary – Dar de Si Antes de Pensar em Si – muitas vezes não é compreendido pelos próprios rotarianos.
Para entendermos bem o lema é preciso analisá-lo em duas partes.
“Antes de pensar em Si” significa que os rotarianos não são pessoas egoístas, que pensam apenas no ganho pessoal. Ao contrário, sabem que a sua ação ou a sua omissão afetam a comunidade em que vivem. Assim, procuram pautar a atuação pessoal e profissional pensando no bem comum.
“Dar de Si” não significa que fizemos voto de pobreza, pois não se refere aos bens materiais, mas sim ao que temos de melhor: inteligência, talento, conhecimento, competência e habilidade, além de um pouco de nosso tempo. Essa é a nossa maior riqueza, pois sem ela não teríamos sequer conquistado os bens materiais.
Quando você doa esses recursos, eles não diminuem e sim aumentam, ao contrário da riqueza material. Quando doamos nossos conhecimentos, nos tornamos mais sábios. Quando doamos amor, nos tornamos mais amados. Quando proporcionamos felicidade aos outros, nos tornamos mais felizes. Um simples sorriso nos proporciona muitos sorrisos de volta. E isso explica o segundo lema do Rotary: “Mais se Beneficia Quem Melhor Serve”.
Liderança, Companheirismo, Integridade, Diversidade e Serviços Humanitários fazem do Rotary uma instituição exemplar, admirada e respeitada internacionalmente. Entretanto, esses valores não são exclusividade do Rotary e dos rotarianos. Há muitas pessoas que comungam desses mesmos valores. Precisamos usar nossa liderança para identificá-las e trazê-las para compartilhar conosco o Ideal de Servir.
* O autor é Valdemar Lopes Armesto, governador 2002-03 do distrito 4430 e associado ao RC de São Paulo-Vila Alpina, SP (D. 4430).
Entretanto, a maioria permanece longo tempo ou até a vida toda na organização. Isso ocorre porque essas pessoas identificam no Rotary, às vezes inconscientemente, muitos valores que lhes são caros e que praticam na sua vida particular e profissional.
Quais são esses valores?
Quando começou seu planejamento estratégico, há alguns anos, o Rotary International fez uma pesquisa com rotarianos de todo o mundo e, entre outras abordagens, procurou identificar esses valores. Hoje, eles são parte integrante do Plano Estratégico do Rotary International, assim como devem ser de qualquer clube rotário.
A ordem em que serão citados é meramente didática, não havendo qualquer hierarquia de importância entre eles.
Liderança
O Rotary é definido como uma rede global de voluntários, integrada por líderes profissionais, empresariais e comunitários.
Os estudos sobre o tema nos apontam diversos estilos de liderança, como por exemplo: participativo, situacional, transformacional, transacional etc. Talvez a liderança que melhor se adapte à nossa organização seja a liderança servidora, aquela em que o líder serve ao invés de ser servido.
O importante é ter a consciência que a liderança é um fator fundamental para se tornar verdadeiramente um rotariano. O presidente 1975-76 do Rotary International, o brasileiro Ernesto Imbassahy de Mello, já dizia que “não são as instituições que fazem o valor dos homens, e sim os homens é que fazem o valor das instituições”.
A liderança de rotarianos é que tornou possível programas como o Polio Plus. Foi a liderança de Tom Henderson, do Rotary Club de Helston-Lizard, da Inglaterra, que possibilitou a criação do Shelterbox, hoje um projeto global que conta com o apoio de mais de 5.000 clubes rotários.
É através da liderança dos rotarianos que o Rotary executa seus reconhecidos programas e projetos no mundo todo.
Companheirismo
O companheirismo no Rotary é valorizado como elemento capaz de proporcionar a oportunidade de servir.
A palavra companheirismo deriva da expressão latina cum panis, que significa aquele com quem se divide o pão. No nosso caso, o pão a ser dividido é o Ideal de Servir.
Muitas vezes o companheirismo é confundido com a amizade. Mas há uma profunda diferença, já que a amizade cria laços afetivos, enquanto o companheirismo cria laços de compromissos com uma causa.
Portanto, embora a amizade seja a decorrência natural e altamente louvável da convivência dos rotarianos, o companheirismo é que faz a nossa organização ser tão pujante. A amizade pode se esgotar apenas na convivência social, ao passo que o companheirismo é a liga que nos une para a prestação dos serviços humanitários.
Integridade
Uma das poucas condições para se associar a um Rotary Club é possuir caráter ilibado e boa reputação comercial, profissional e/ou comunitária.
O dicionário define integridade como a qualidade de uma pessoa íntegra, honesta, incorruptível, cujos atos e atitudes são irrepreensíveis.
Integridade tem a ver com inteireza, ou seja, não é possível ser meio honesto, meio ético, meio respeitador. Não é integro, por exemplo, aquele que bajula os poderosos e maltrata os humildes e subalternos.
O terceiro item do objetivo do Rotary diz que os rotarianos devem promover e apoiar a melhoria da comunidade pela conduta exemplar na vida pública e privada.
Isso significa que devemos ser fiéis a altos padrões de ética em todos os aspectos de nossas vidas privada e profissional, bem como justos e respeitosos em nossos relacionamentos.
A ética é um dos assuntos mais estudados na filosofia, mas não é preciso ler compêndios para saber agir eticamente. Basta seguir um preceito simples: não fazer aos outros aquilo que não gostaríamos que fizessem conosco.
Embora não seja um código de ética, a Prova Quádrupla é um importante balizador de nossas ações, a ser utilizado sempre que tivermos dúvida se estamos agindo corretamente.
Diversidade
A diversidade está na gênese do Rotary, pois a associação foi fundada com um representante de cada profissão. Se não fosse essa sábia providência, talvez o Rotary tivesse se tornado mais uma associação profissional, e não uma entidade de prestação de serviços.
Se o Rotary fosse formado apenas por advogados – a profissão do seu fundador, Paul Harris –, provavelmente nas suas reuniões só se trataria de assuntos relacionados ao direito. A consequência natural do convívio de pessoas de bem, que não tinham uma unicidade profissional, levou-os a perceber que seria egoísmo prenderem-se apenas ao companheirismo e ao relacionamento de negócios. Assim, em 1906, um ano depois de fundado, o Rotary incorporou aos seus objetivos a prestação de serviços à comunidade.
Com o seu crescimento acelerado, a organização foi assumindo totalmente a diversidade de raças e credos, presente no mundo todo. A lamentar apenas a tardia mudança dos estatutos para a aceitação das mulheres no Rotary, pois a participação delas trouxe imenso ganho para a entidade.
A diferença faz a diferença: este é legado da diversidade no Rotary.
Serviços humanitários
Dos cinco valores, este é o único que não estava presente na fundação do Rotary, tendo sido incorporado em 1906, como já explicado acima. Mas, atualmente, não se concebe a existência da nossa organização sem a prestação de serviços humanitários. Portanto, além de um valor, os serviços humanitários são a razão de ser do Rotary e isto está consubstanciado no seu objetivo.
O objetivo do Rotary é estimular e fomentar o ideal de servir. O ideal de servir é, portanto, do rotariano, e o papel do Rotary, como organização, é estimular e fomentar este ideal. E isto é feito de diversas formas:
► A criação de clubes, ao juntar diversas pessoas com o mesmo ideal, potencializa a atuação de cada um;
► Um pacote de programas estruturados facilita a escolha da área de atuação do clube e dos companheiros;
► A estrutura da organização assegura farta literatura sobre os programas que escolhermos realizar;
► Provê também treinamentos sistematizados para que os rotarianos possam atuar com mais eficiência.
O Rotary é uma filosofia de vida que se propõe a solucionar o conflito entre o desejo de lucro pessoal e o dever de auxiliar o próximo. O lema principal do Rotary – Dar de Si Antes de Pensar em Si – muitas vezes não é compreendido pelos próprios rotarianos.
Para entendermos bem o lema é preciso analisá-lo em duas partes.
“Antes de pensar em Si” significa que os rotarianos não são pessoas egoístas, que pensam apenas no ganho pessoal. Ao contrário, sabem que a sua ação ou a sua omissão afetam a comunidade em que vivem. Assim, procuram pautar a atuação pessoal e profissional pensando no bem comum.
“Dar de Si” não significa que fizemos voto de pobreza, pois não se refere aos bens materiais, mas sim ao que temos de melhor: inteligência, talento, conhecimento, competência e habilidade, além de um pouco de nosso tempo. Essa é a nossa maior riqueza, pois sem ela não teríamos sequer conquistado os bens materiais.
Quando você doa esses recursos, eles não diminuem e sim aumentam, ao contrário da riqueza material. Quando doamos nossos conhecimentos, nos tornamos mais sábios. Quando doamos amor, nos tornamos mais amados. Quando proporcionamos felicidade aos outros, nos tornamos mais felizes. Um simples sorriso nos proporciona muitos sorrisos de volta. E isso explica o segundo lema do Rotary: “Mais se Beneficia Quem Melhor Serve”.
Liderança, Companheirismo, Integridade, Diversidade e Serviços Humanitários fazem do Rotary uma instituição exemplar, admirada e respeitada internacionalmente. Entretanto, esses valores não são exclusividade do Rotary e dos rotarianos. Há muitas pessoas que comungam desses mesmos valores. Precisamos usar nossa liderança para identificá-las e trazê-las para compartilhar conosco o Ideal de Servir.
* O autor é Valdemar Lopes Armesto, governador 2002-03 do distrito 4430 e associado ao RC de São Paulo-Vila Alpina, SP (D. 4430).