terça-feira, 11 de outubro de 2011

Guerra de Canudos -114 Anos




Antônio Conselheiro (gravura do século 19 ao lado) era o líder de um pequeno vilarejo no sertão da Bahia, o Arraial de Canudos. Atraiu milhares de nordestinos que o consideravam “santo” e era o líder espiritual.

Filho do comerciante Vicente Mendes Maciel e de Maria Joaquina de Jesus, Antônio Vicente Mendes Maciel ficou órfão da mãe aos seis anos. Estudou aritmética, português, geografia, francês e latim. Entre suas leituras preferidas estavam as aventuras do imperador Carlos Magno e dos 12 pares de França, adaptações de lendas populares da idade média arraigadas no folclore nordestino.

Aos 27 anos, perdeu o pai e começou a cuidar da loja da família, com a qual sustentava as quatro irmãs. Ficou dois anos à frente do negócio e, depois, passou a dar aulas numa escola de fazenda. Graças aos seus estudos e esforço pessoal, tornou-se escrivão de cartório, solicitador (encarregado de encaminhar petições ao poder Judiciário) e rábula (advogado sem diploma). Estaria encaminhado profissionalmente, caso um problema pessoal não viesse mudar radicalmente sua vida.

Em 1857, casa-se com Brasilina Laurentina de Lima e muda-se para Sobral onde trabalhava como professor. Em busca de melhores salários, muda-se para Santa Quitéria e finalmente Ipu. Em 1861, flagra sua mulher em traição conjugal com um sargento da polícia, em sua residência na Vila do Ipu Grande os quais fugiram em seguida. Envergonhado, humilhado e abatido, abandona o Ipu e vai procurar abrigo nos sertões do Cariri, já naquela época um polo de atração para penitentes, iniciando aí uma vida de peregrinações pelos sertões do Nordeste. Talvez à procura dos fugitivos. Para sobreviver, trabalhou como pedreiro e construtor, ofício aprendido com o pai. Restaurava e construía capelas, igrejas e cemitérios.

Esse trabalho e as pregações do padre Ibiapina - que peregrinava pelo sertão fazendo obra de caridade - influenciaram Antônio Maciel. Ele passou a ler os Evangelhos e a divulgá-los entre o povo humilde, ouvindo também os problemas das pessoas e procurando consolá-las com mensagens religiosas. Devido aos conselhos, tornou-se conhecido como Antônio Conselheiro e arrebanhou um número crescente de seguidores fiéis que o acompanhavam pelas suas andanças.

Em 1893, já cansado de tanto peregrinar pelos sertões, decide se fixar no pequeno Arraial de Canudos, onde os desabrigados do sertão, as vítimas da seca, índios e ex-escravos eram recebidos de braços abertos. Era uma comunidade onde todos tinham acesso à terra e ao trabalho sem sofrer maus tratos dos capatazes das fazendas tradicionais. E era chamado de “lugar santo”. Os grandes fazendeiros e o clero sentem que seu poder está sendo ameaçado e começam a se articular em busca de uma “solução” para o problema.

Além do mais, Conselheiro era monarquista ferrenho e não fazia segredo disso, numa época de República. A imprensa colaborou e instigou o governo republicano a tomar providências. Era taxado de louco, fanático e monarquista perigoso. O Exército organizou quatro expedições militares contra Canudos, o que é detalhadamente descrito por Euclides da Cunha em “Os Sertões”. As três primeiras foram derrotadas pelos conselheiristas e a quarta foi implacável onde até os que se rendiam eram mortos. Tornou-se uma questão de honra para o Exército destruir Canudos e seus fanáticos habitantes. Mas o genocídio de Canudos não trouxe nenhuma honra para o Exército, pois destruir uma comunidade de sertanejos, analfabeta, faminta e em busca de justiça social, não foi nenhuma glória.

1897 - Morre Antonio Conselheiro (Antonio Vicente Mendes Maciel) em Canudos-Bahia. Não se sabe ao certo qual foi a causa da morte de Conselheiro. Fala-se em ferimentos causados por granada. Sua cabeça foi cortada e levada para a Faculdade de Medicina de Salvador. Existem dois centros culturais relacionados a Antonio Conselheiro e à Guerra de Canudos, um em Quixeramobim-CE e outro em Canudos-BA, criado pelo decreto 33.333 de 30 de junho de 1986.

O Arraial de Canudos foi destruído pelo Exército da República, na chamada Guerra de Canudos, em 1897. Antônio nasceu no dia 13 de março do ano 1830 em Quixeramobim - Ceará e faleceu na Guerra de Canudos (Bahia), no dia 22 de setembro do ano 1897.

Fonte: Boletim Informativo do Rotary Club de Fortaleza
Nº 11 Edição 11 22/09/2011
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