"O homem que trabalha faz a terra produzir, o trabalho multiplica os dons, que iremos repartir."
Ter talento é possuir algo muito parecido com os dons, porém com uma diferença substancial. Dons são capacidades inatas que todos nós possuímos para realização de certas tarefas. Algumas pessoas com maior facilidade do que outras. Como tão bem definiu São Paulo: "Há diversidade de dons, mas um só é o Espírito." (1Cor,12,4) Uns dominam a matemática com muita facilidade, outros possuem o dom da palavra, fazem discurso eloqüentes ou são possuidores de boa redação. Há os que têm o dom de elaborar projetos, enquanto outros receberam como dom o domínio da música. São capazes de tocar instrumentos musicais, mesmo sem o conhecimento da teoria. Salve o grande dom da poesia com o qual foi dotado o saudoso Patativa do Assaré, humilde camponês, mas dono de uma admirável cultura, apesar de seu aprendizado escolar não ter ido além da Cartilha de Felisberto de Carvalho. São tantas as atividades com as quais nos defrontamos, que para uns são mais fáceis e para outros muito mais complexas. Depende portanto dos dons com os quais cada um de nós fomos agraciados.
Já o talento é um gosto especial para alcançarmos determinados objetivos, independente de possuirmos alguma herança genética para tal. Talentos são portanto, atributos que podem ser desenvolvidos e aperfeiçoados pelo treinamento e muita perseverança. Poderá também ser entendido como a capacidade de colocar à serviço os dons de que cada um nós dispomos.
O termo "talento" da forma que hoje o usamos, teve origem na mensagem evangélica conhecida por "Parábola dos Talentos". Narra o evangelista Mateus que um rico proprietário empreenderia uma longa viagem e, portanto confiou os seus bens a seus empregados, tudo "de acordo com a capacidade de cada um". Ao primeiro entregou cinco talentos, a outro dois e apenas um talento ao terceiro. Em seguida viajou para o estrangeiro.
Depois de algum tempo, o patrão voltou e foi ajustar contas com seus empregados. Aquele que recebeu cinco talentos, trabalhou e entregou-lhe mais cinco que havia lucrado. O patrão o elogiou: "Empregado bom, e como foi fiel na administração de tão pouco, eu lhe entregarei muito mais". O que recebera dois talentos, da mesma forma recebeu idênticos elogios do patrão; mas aquele que recebeu apenas um talento, disse: "Senhor, eu sei que és um homem severo pois colhes onde não plantastes e recolhes de onde não semeaste. Por isso, fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence". O patrão lhe respondeu que se aquele empregado o julgava tão cruel ele deveria ter depositado o dinheiro no banco, para que rendesse com juros. Em seguida ordenou: "Tirem dele o que tem e dêem ao que tem mais. Porque, a todo aquele que tem, será dado mais e terá em abundância. Mas daquele que não tem, tudo lhe será tirado. Quanto a esse empregado inútil, joguem-no lá fora, na escuridão, onde haverá choro e ranger de dentes".
Quem é esse proprietário que distribui os seus bens (talentos) com os empregados, para depois cobrar de cada um o que realizou com eles? Provavelmente ele conhece profundamente seus empregados, pois distribuiu os bens de "acordo com a capacidade de cada um." E não foi pouco o bem confiado. Segundo estudos históricos, a moeda de um talento equivalia aproximadamente a 34kg de ouro. Assim sendo, ninguém poderia reclamar que recebeu pouco.
Resumindo: a parábola nos ensina que Deus, o proprietário, confiou a cada um de nós os seus bens, que são nossos talentos de acordo com as nossas limitações ou seja: conforme nossa capacidade de colocá-los a serviço da construção do Reino. E o Reino de Deus é uma sociedade pautada pelo respeito à vida, onde haja justiça, liberdade e paz. Conforme tão bem afirmava o teólogo alemão Bernhard Häring: "Se não nos convertermos profundamente a favor da paz, da justiça e da nossa responsabilidade com a criação, não haverá futuro".
Se enterrarmos nossos talentos e não contribuirmos com a construção do Reino, correremos o risco de sermos lançados na "escuridão" onde haverá "choro e ranger de dentes". Melhor traduzindo: correremos o risco de vivermos uma vida sem sentido.
Por outro lado, poderemos interpretar a parábola como as injustiças praticadas por um sistema político-econômico opressor, que escraviza e sobrecarrega os mais humildes, isto é: os trabalhadores, enquanto os proprietários gozam de privilégios, passeando despreocupadamente.
De nada adiantará lamentações do tipo: a vida é dura, não tenho tempo e por isso nada poderei fazer. Ou não sei nada, não tenho condições para desempenhar tais tarefas; por isso não poderei fazê-las. Como tão bem nos assegura a sabedoria popular: "Deus nos dá o frio, conforme o cobertor". Isto é, nenhuma missão que Ele nos confia é superior à nossa capacidade de realização, que são nossas aptidões, ou seja, a vontade de realizar; nossos talentos.
É sempre bom lembrar a frase atribuída a Albert Einstein, que ouvi certa vez de um amigo: "Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo só depende de nossa vontade e perseverança". Ou seja, de nossos talentos.
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
Ter talento é possuir algo muito parecido com os dons, porém com uma diferença substancial. Dons são capacidades inatas que todos nós possuímos para realização de certas tarefas. Algumas pessoas com maior facilidade do que outras. Como tão bem definiu São Paulo: "Há diversidade de dons, mas um só é o Espírito." (1Cor,12,4) Uns dominam a matemática com muita facilidade, outros possuem o dom da palavra, fazem discurso eloqüentes ou são possuidores de boa redação. Há os que têm o dom de elaborar projetos, enquanto outros receberam como dom o domínio da música. São capazes de tocar instrumentos musicais, mesmo sem o conhecimento da teoria. Salve o grande dom da poesia com o qual foi dotado o saudoso Patativa do Assaré, humilde camponês, mas dono de uma admirável cultura, apesar de seu aprendizado escolar não ter ido além da Cartilha de Felisberto de Carvalho. São tantas as atividades com as quais nos defrontamos, que para uns são mais fáceis e para outros muito mais complexas. Depende portanto dos dons com os quais cada um de nós fomos agraciados.
Já o talento é um gosto especial para alcançarmos determinados objetivos, independente de possuirmos alguma herança genética para tal. Talentos são portanto, atributos que podem ser desenvolvidos e aperfeiçoados pelo treinamento e muita perseverança. Poderá também ser entendido como a capacidade de colocar à serviço os dons de que cada um nós dispomos.
O termo "talento" da forma que hoje o usamos, teve origem na mensagem evangélica conhecida por "Parábola dos Talentos". Narra o evangelista Mateus que um rico proprietário empreenderia uma longa viagem e, portanto confiou os seus bens a seus empregados, tudo "de acordo com a capacidade de cada um". Ao primeiro entregou cinco talentos, a outro dois e apenas um talento ao terceiro. Em seguida viajou para o estrangeiro.
Depois de algum tempo, o patrão voltou e foi ajustar contas com seus empregados. Aquele que recebeu cinco talentos, trabalhou e entregou-lhe mais cinco que havia lucrado. O patrão o elogiou: "Empregado bom, e como foi fiel na administração de tão pouco, eu lhe entregarei muito mais". O que recebera dois talentos, da mesma forma recebeu idênticos elogios do patrão; mas aquele que recebeu apenas um talento, disse: "Senhor, eu sei que és um homem severo pois colhes onde não plantastes e recolhes de onde não semeaste. Por isso, fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence". O patrão lhe respondeu que se aquele empregado o julgava tão cruel ele deveria ter depositado o dinheiro no banco, para que rendesse com juros. Em seguida ordenou: "Tirem dele o que tem e dêem ao que tem mais. Porque, a todo aquele que tem, será dado mais e terá em abundância. Mas daquele que não tem, tudo lhe será tirado. Quanto a esse empregado inútil, joguem-no lá fora, na escuridão, onde haverá choro e ranger de dentes".
Quem é esse proprietário que distribui os seus bens (talentos) com os empregados, para depois cobrar de cada um o que realizou com eles? Provavelmente ele conhece profundamente seus empregados, pois distribuiu os bens de "acordo com a capacidade de cada um." E não foi pouco o bem confiado. Segundo estudos históricos, a moeda de um talento equivalia aproximadamente a 34kg de ouro. Assim sendo, ninguém poderia reclamar que recebeu pouco.
Resumindo: a parábola nos ensina que Deus, o proprietário, confiou a cada um de nós os seus bens, que são nossos talentos de acordo com as nossas limitações ou seja: conforme nossa capacidade de colocá-los a serviço da construção do Reino. E o Reino de Deus é uma sociedade pautada pelo respeito à vida, onde haja justiça, liberdade e paz. Conforme tão bem afirmava o teólogo alemão Bernhard Häring: "Se não nos convertermos profundamente a favor da paz, da justiça e da nossa responsabilidade com a criação, não haverá futuro".
Se enterrarmos nossos talentos e não contribuirmos com a construção do Reino, correremos o risco de sermos lançados na "escuridão" onde haverá "choro e ranger de dentes". Melhor traduzindo: correremos o risco de vivermos uma vida sem sentido.
Por outro lado, poderemos interpretar a parábola como as injustiças praticadas por um sistema político-econômico opressor, que escraviza e sobrecarrega os mais humildes, isto é: os trabalhadores, enquanto os proprietários gozam de privilégios, passeando despreocupadamente.
De nada adiantará lamentações do tipo: a vida é dura, não tenho tempo e por isso nada poderei fazer. Ou não sei nada, não tenho condições para desempenhar tais tarefas; por isso não poderei fazê-las. Como tão bem nos assegura a sabedoria popular: "Deus nos dá o frio, conforme o cobertor". Isto é, nenhuma missão que Ele nos confia é superior à nossa capacidade de realização, que são nossas aptidões, ou seja, a vontade de realizar; nossos talentos.
É sempre bom lembrar a frase atribuída a Albert Einstein, que ouvi certa vez de um amigo: "Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo só depende de nossa vontade e perseverança". Ou seja, de nossos talentos.
Por Carlos Eduardo Esmeraldo