sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Dia da Paz e Compreensão Mundial

Palestra proferida no dia 23 de setembro de 2010, na reunião ordinária do Rotary Club do Crato pelo companheiro e ex-presidente do clube Gladstone Lins de Alencar (foto).

O dia 23 de fevereiro, aniversário da 1ª reunião do 1º Rotary Club (1905), é comemorado como o DIA DA PAZ E COMPREENSÃO MUNDIAL.

Há um século e cinco anos, voluntários se organizaram e se expandiram.

Hoje, presentes em 211 países, aproximando mais de 1.200.000 líderes de diversos costumes, idiomas, culturas, etnias, crenças e tendências políticas, congregados e influenciando em cerca de 34 mil clubes atuantes nas principais cidades do mundo, buscando a Compreensão e a Paz.

Rotary tem assento na ONU, dá apoio à Organização Mundial de Saúde e a outros organismos internacionais.

A Humanidade é a Missão de Rotary.

A PAZ é prioridade; programas educacionais, com Bolsas de Estudos e pela Paz, intercâmbios de Grupos de Estudos e de Amizade, Universidades da Paz em parceria com universidades ao redor do mundo, e corajosos programas humanitários, como o da luta para acabar com a poliomielite no mundo e a preservação do Planeta Terra, dos recursos hídricos (Água é Vida), entre outras ações locais, regionais e mundiais.

É preciso que mais pessoas conheçam o que Rotary tem feito e é capaz de fazer para que se associem ao nosso esforço, aumentando parcerias e a corrente de prestação de serviços, para levar solidariedade e esperança, alimentadas pelo espírito de Rotary.

Aqui e no mundo necessitamos mais compreensão, boa vontade, tolerância e amizade, para que prospere e se alcance a Paz.
O dia da compreensão mundial é uma ótima oportunidade para refletimos sobre o relacionamento das pessoas, das instituições e dos povos.
AS GUERRAS
Uma rápida percepção sobre o sentido e a preciosidade da palavra "compreensão" nos leva a perceber, com bastante evidência, que a compreensão mundial foi e continua sendo seriamente ameaçada pela triste realidade das guerras.
O historiador Eric Hobsbawm afirmou que as guerras do século 20 mataram 187 milhões de pessoas, número que corresponde a mais de 10% da população mundial do ano anterior à deflagração da Primeira Guerra Mundial.
Eric Hobsbawm prevê ainda que as guerras no século 21 não sejam mortíferas como as do século 20, mas que a violência armada permanecerá presente numa grande parte do mundo. A expectativa de um século de paz é remota.
São muitas as guerras no mundo e nem todas são devidamente noticiadas. O quadro abaixo, com dados colhidos após a II Guerra Mundial, oferece uma noção do que houve no século passado.


FOCOS DE GUERRA
Movimentos separatistas, lutas pela derrubada de governos, tensões étnicas e religiosas são alguns dos motivos dos conflitos mundiais. O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos afirma que, das 31 guerras do ano passado, apenas 9 opõem países soberanos, as outras 22 são internas.
Principais focos de tensão por continente:
África: neste continente encontramos a metade dos 60.000 mortos em guerra do ano 2001. Deles, 4.000 morreram na República Democrática do Congo, onde há guerra entre rebeldes e governo. Guerras antigas prosseguem sem solução no Sudão, Somália e nas fronteiras entre Etiópia e Eritréia.
Ásia: A guerra civil no Afeganistão (Talibã x Aliança do Norte) já havia deixado 10.000 mortos antes mesmo dos ataques norte-americanos após os atentados de 11 de setembro. No Oriente Médio, palestinos e israelenses, diante dos constantes ataques de ambas as partes, não encontram um acordo de paz.
Europa: continua difícil a convivência na Irlanda do Norte, embora o Exército Republicano Irlandês (IRA) tenha começado a se desarmar. Continua problemático o processo de afirmação das identidades nacionais nos Bálcãs.
América: O ambiente de relativa paz no continente contrasta com a guerra na Colômbia entre governo, guerrilhas de esquerda e milícias de extrema direita.
E O FUTURO?
Michael T. Klare, autor do livro Guerras dos Recursos: O Novo Cenário Global dos Conflitos assegura que os conflitos no século XXI vão crescer e multiplicar-se por causa dos recursos naturais, cada vez mais escassos e vitais.
O crescimento demográfico, as necessidades crescentes dos países em desenvolvimento, o consumo desenfreado dos países ricos, as previsíveis alterações climáticas provocadas pelo efeito estufa e o fato de uma boa parte dos recursos naturais se encontrarem em zonas fronteiriças, formam uma autêntica bomba, que poderá explodir a qualquer momento e em qualquer lugar, sobretudo nos países pobres, que não possuem recursos suficientes para apostar em alternativas ou recorrer à tecnologia para diminuir os efeitos da escassez de matérias-primas vitais.
Alguns dos recursos capazes de provocar tamanhas atrocidades:
PETROLEO: base para praticamente toda a economia mundial, ocupa o topo da tabela dos recursos escassos capazes de incendiar várias e vastas regiões. Se o consumo de petróleo crescer à média de 2% ao ano, as reservas atualmente existentes desaparecerão nos próximos 25 ou 30 anos. E, mesmo contando com as novas descobertas, prevê-se que as primeiras falhas no abastecimento começarão a se fazer sentir na segunda ou terceira década deste século.
ÁGUA: o que se passa com a água é bastante semelhante. A reserva mundial de água potável é relativamente limitada e grande parte dela está "presa" em geleiras e icebergs. Do total realmente disponível, metade já está sendo usada pela humanidade. O aumento da população e a melhoria das condições de vida exigem cada vez mais água. Se este padrão se mantiver, a humanidade estará usando 100% dos recursos já na primeira metade deste século, o que provocará graves falhas no abastecimento em algumas regiões.
Yitzhak Rabin, ex-primeiro-ministro de Israel, certo dia disse: "Ainda que consigamos solucionar todos e cada um dos problemas do Oriente Médio, se não se resolver o problema da água, a nossa região explodirá".
A MADEIRA: as florestas do planeta estão desaparecendo à média de 0,5% ao ano, o que equivale à perda de uma área florestal do tamanho da Inglaterra. Até agora, já consumimos aproximadamente 70% das florestas tropicais e 60% das existentes nas zonas temperadas. As maiores manchas das florestas tropicais, tirando a Amazônia e a África central, encontram-se nas ilhas do Pacífico, em particular na Nova Guiné e no Bornéu, partilhada pela Indonésia, pela Malásia e pelo sultanato do Brunei. Nela, há mais de 20 anos, os indígenas lutam entre si pela pose da madeira e para plantar palmeiras produtoras de dendê.
A probabilidade de ocorrência de conflitos aumenta, sobretudo quando um recurso muito disputado é considerado tão valioso e lucrativo que nenhuma das partes se mostra disposta a perdê-lo.
O PERIGO DO CRESCIMENTO
Os Estados Unidos, o país mais rico do mundo, consomem, a cada ano, cerca de 30% de todas as matérias-primas utilizadas pelo conjunto da humanidade. Desta maneira, é fácil imaginar o que sucederá quando nações populosas como a China, a Índia ou o Brasil se aproximarem desse padrão de consumo. Difícil é também imaginar a conflitualidade que poderá desencadear a competição entre os grandes consumidores.
O PROBLEMA DAS ARMAS
Cada vez mais fáceis de manejar e de comprar, as armas alimentam e prolongam os conflitos, semeiam a violência e a morte, como também modificam a maneira de fazer a guerra e conquistar o poder. Basta citar que 500 milhões de armas circulam pelo mundo, e que todos os anos causam 500 mil mortes. As armas são tão simples que uma criança de dez anos é facilmente transformável num soldado. Aliás, é por isso que os conflitos africanos mobilizaram mais de 250 mil crianças-soldados, pois encontra na guerra a única forma de vida.

ELIMINAR AS ARMAS
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, defende um acordo internacional para erradicar as armas leves, semelhante ao que levou a banir as minas antipessoais.
Sublinhando o uso deste tipo de armamento na criação e na manutenção dos conflitos, Kofi Annan lembrou:
• Existem no mundo 500 milhões de armas leves (uma para cada 12 pessoas);
• A cada dia que passa, as armas leves causam mais de mil mortes;
• Em alguns locais, já é possível comprar uma AK-47 por 15 dólares ou por um saco de cereal.
• Estimativas indicam que a violência, com o uso das armas leves, custa só à América Latina entre 140 e 170 bilhões de dólares/ ano.
• Temos que reduzir o vasto estoque de armas existentes. As sociedades que saem dos conflitos devem desarmar seus ex-combatentes e ajudá-los a encontrar emprego.
• Tudo isso é eficaz para a manutenção da paz.
O NEGÓCIO AMERICANO
• Os Estados Unidos lideram, de longe, o negócio internacional de armas.
Segundo as estatísticas de 1999, as suas vendas representavam 54% de todas as
transações. O que representa o quádruplo das exportações do Reino Unido e 54 vezes mais do que as da China.
• Embora os EUA possuam a melhor legislação sobre a exportação de armamento, proibindo, por exemplo, que sejam fornecidas armas a facções envolvidas em atentados sistemáticos contra os direitos humanos, a realidade não respeita nem a letra nem o espírito da lei: em apenas uma década (de 1986 a 1995), os EUA venderam 42 bilhões de dólares de material bélico a facções envolvidas em 45 conflitos.
• Das guerras étnicas ou territoriais que tiveram lugar em 1993/94, 90% foram alimentadas por material americano.
• Ironicamente, muitas das armas "made in USA" vinham a cair nas mãos dos adversários dos norte-americanos. Basta recordar que, nos anos 80, os EUA forneceram seis bilhões de dólares em equipamento para os rebeldes afegãos, os talibãs que venceram a Rússia, e depois temidos pelos Estados Unidos.
• Outro exemplo que nos toca de perto: em 99, quando as milícias indonésias massacravam os timorenses, estavam armadas com material norte-americano.
• A Paz Mundial parece ser um sonho acalentado por todos os povos da Terra. Entretanto, sua realização parece tão distante quanto desejada, apesar dos esforços contínuos de varias organizações mundiais.
• Por trás de quase todas as guerras atuais movimentam-se os interesses das indústrias bélicas, a disputa pelo domínio dos mercados e o controle dos recursos naturais estratégicos, como o petróleo, o gás, a madeira, a água...
• A prolongada indiferença internacional diante das situações de inumana miséria que afetam grande parte da população mundial gera ressentimentos e revoltas contra os poucos países que impõem esta nova ordem internacional.
• O único caminho para a paz é o da superação das injustiças e das divergências, no quadro de um diálogo supervisionado por instâncias políticas e jurídicas internacionais que deveriam ser mais respeitadas e fortalecidas, como a ONU e o tribunal Internacional de Haia, para onde, suspeitos de crimes de guerra ou terrorismo devem ser conduzidos, julgados e punidos.

Venham conosco!

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